Alfredo Bertini, idealizador do Cine PE, diz que enfrenta cortes no orçamento do festival
Alexandre Belém/JC Imagem
Mais de 720 realizadores enviaram seus filmes para a seleção do Cine PE 2015 Festival do Audiovisual – um aumento de quase 50% em relação ao ano passado, segundo Alfredo Bertini, produtor do evento. Entre os inscritos, há mais longa-metragens argentinos do que brasileiros, garante. Também fazem parte da seleção – que terá curadoria do crítico Rodrigo Fonseca –, produções da Inglaterra, Áustria, México, Colômbia, entre outros.
Mas este é, provavelmente, o único recorde que a organização vai poder celebrar nesta edição de número 19: estão previstos cortes no orçamento; o encolhimento da plateia – um dos trunfos do maior evento dedicado ao cinema em Pernambuco – é fato consumado.
O Cine PE 2015, marcado para acontecer entre 2 e 8 de maio, sem cobrança de ingressos, troca a grandiosidade do Teatro Guararapes, em Olinda, pelo charme do Cinema São Luiz, no Centro do Recife (justo o local de sua primeira edição, em 1997). Na prática: o Guararapes tem 2.371 lugares; são 992 no São Luiz – 1.379 a menos, portanto. Foi a imensidão do teatro do Centro de Convenções que ajudou a alavancar os números do Cine PE: 369 mil espectadores em 18 anos, segundo a organização do evento. “Encerramos, assim, um ciclo”, confirma Bertini. “A principal causa é o corte no orçamento.”
Apesar de desgastes enfrentados e denúncias de corrupção envolvendo a empresa, a Petrobras está confirmada como uma das patrocinadoras. “Desde Eduardo Campos (2007), o Governo do Estado é o nosso principal patrocinador”, assevera Alfredo Bertini. Ele assegura que, agora, precisou cortar custos em 20%. “2014 foi um ano atípico. O Governo do Estado só pagou em dezembro. O Governo Federal acabou de pagar.” Estimado em R$ 2 milhões, o evento, afirma ele, captou R$ 900 mil. Este ano, o orçamento de R$ 2 milhões foi mantido: “Mas vamos ter que remodelar”. A prefeitura do Recife e o BNDES confirmaram patrocínios. A conversa com o governador Paulo Câmara deve acontecer na semana que vem.
PERNAMBUCANOS
Sobre a participação de produções pernambucanas e da relação da organização com os cineastas locais, Bertini comenta: “De minha parte é excelente. Você já me ouviu fazer críticas a algum? Mas, é fato, ouço críticas deles, apesar de atender a todos os pleitos”. Ele revela que o cineasta Marcelo Pinheiro inscreveu dois de seus filmes no evento deste ano. “Muitos preferem buscar festivais no exterior, mesmo tendo filme bancado com dinheiro público de Pernambuco”, critica. Estão marcados, para os dias 29 e 30 de abril, seminários que discutirão temas como direitos autorais e políticas públicas de cultura (ainda sem confirmação de local).
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